Brasil, o País da Cesárea. Como Mudar?

Brasil, o País da Cesárea. Como Mudar?

Brasil, o País da Cesárea. Como MudarQuem acompanha aqui no blog sabe que o meu filho nasceu de cesárea porque o Brasil é o país da cesárea. Bom… conheço muitos bebês que nasceram de cesárea, mesmo a mãe querendo muito um parto normal.

Em janeiro a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou normas para estimular o parto normal. Algumas coisas mudaram, dentre elas a obrigatoriedade do cartão da gestante e o partograma. Legal né? Mas será que muda alguma coisa? Será que resolve o problema?

Bom, eu sinceramente acho que não. Porque essas regras só valem para quem vai ter bebê pelo plano de saúde. Médicos particulares não são obrigados a seguir, infelizmente. E os que fazem pelo plano vão deixar de fazer pelo plano ou vão dar um “jeitinho”. É o que eu penso.

Não me levem a mal! Eu acho que toda mulher tem o direito de escolher como trazer o seu filho ao mundo. E é aí que temos que mudar, a cabeça das futuras mães e não obrigar os médicos (ou as mães) a isso ou àquilo.

Bom, eu acho super válidas essas novas normas sim, mas acho que sozinhas não vão resolver. É como se o Brasil tivesse dado um passo pequeno e muito tímido em direção ao parto normal.

O número alto de cesáreas no Brasil (84% no setor privado e 40% no setor público) se dá devido à combinação de médicos que preferem fazer cesárea + mulheres que têm medo do parto normal.

Aqui no Reino Unido e na Irlanda o número de cesáreas é baixo: 15% dos partos são cesáreas no Reino Unido e 22% na Irlanda. Sabe por quê? Por dois motivos:

1- As mulheres continuam tendo medo do parto normal, mas elas são instruídas por enfermeiras obstetras.

2- Quem faz o parto são as enfermeiras obstetras plantonistas dos hospitais. O médico só entra em cena caso seja preciso.

A pouco tempo a Nivea teve uma menina linda em um hospital de Dublin. Recomendo a leitura do relato do parto dela. Muito legal. Ela dá detalhes de como funciona aqui na Irlanda (com fotos).

No Reino Unido se a futura mãe pede por uma cesárea, ela é encaminhada para um profissional de saúde experiente que vai instruir e discutir as vantagens sobre o parto normal, falar dos medos, acalmar a futura mãe deixando-a menos ansiosa etc. Se mesmo assim ela quiser cesárea ela pode fazer a cesárea dela.
Fonte: NHS Choices homepage Your health, your choices

E eu acho que é assim que as coisas poderiam começar a mudar no Brasil. Instruir essas mulheres que têm medo do parto normal, porque muitas das vezes essas mulheres só precisam de alguém que as ajude a entender como funciona, o que é mito e o que é verdate etc. E os médicos plantonistas dos hospitais fazerem os partos nos hospitais, sejam eles particulares ou públicos. E claro, sempre trocando o médico quando trocar o plantão, tendo sempre um médico com mais disposição e descansado para ajudar no parto.

Aliás, o SUS já está se tornando modelo de parto normal no Brasil. Já ouviram falar que cada vez mais mulheres que tem planos de saúde, estão abandonando os seus médicos obstetras para terem seus filhos nos hospitais do SUS? Pois é, gente, isso está acontecendo bastante.

Ao meu ver já está na hora de realizar essas mudanças no Brasil. Medo do parto não é motivo para não ter um parto normal. Claro que sempre respeitando o desejo da grávida: se ela mesmo com toda instrução optar pela cesárea, ela deve ter a cesárea (de preferência o mais humanizada possível). Instruir a grávida: sempre! Obrigar: nunca! Mas a maioria das mães que eu conheço queriam parto normal e não conseguiram. Isso está errado! Mudança já!

OBS: Eu já tinha acabado de escrever esse texto acima quando alguns dias depois vi essa foto na página do ministério da saúde e tem tudo a ver com o que eu escrevi. Clique na foto para ampliar e acompanhe a página deles.

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