Mamãe e Papai, Por Favor, Respeitem o Meu Corpo!

Mamãe e Papai, Por Favor, Respeitem o Meu Corpo!

Mamae e Papai Por Favor Respeitem o Meu CorpoOutro dia eu li um artigo sobre uma mãe que se sentia incomodada quando estranhos pediam beijos para a filha e ela ensinou à filha que ela podia dizer não nessas situações.

Em uma época em que muito se fala de abuso, principalmente de abuso infantil, se você se colocar na visão da criança, que é obrigada a abraçar e beijar pessoas que elas não tem a mínima intimidade, você pode refletir: seria isso um tipo de abuso infantil?

É claro que esse tipo de abuso nem se compara com pedofilia, mas pensa comigo: uma criança que aprende a dizer não e aprende que o corpo é dela vai ser uma criança muito menos vulnerável a pedofilia. Isso porque quando ensinamos aos nossos filhos que eles podem dar limites, que não são obrigados a aceitar qualquer tipo de carinho e principalmente de quem eles não conhecem bem e não se sentem íntimos, estamos blindando-os contra a pedofilia de certa forma.

Outro tipo de abuso que noto nessa época de fim de ano (Natal, Reveillon), são as crianças chorando no colo do Papai Noel no Shopping. Quando você senta a criança no colo do Bom Velhinho mesmo contra a vontade dela, o que está sendo ensinado ali é “o corpo não é seu e você não tem poder sobre ele”. Parece bobeira, mas segue o mesmo princípio. Não fique chateada (o) comigo se você já fez isso. Eu mesma há algum tempo atrás não tinha pensado por esse lado. Mas esse é um exercício de empatia que deveríamos fazer todos os dias com todas as pessoas que nos cercam, principalmente com os nossos filhos, pois ao nos colocarmos no lugar do outro é a única forma que temos de poder enxergar o mundo com os olhos daquela outra pessoa.

Uma dica que eu dou é, se o seu filho não quer sentar no colo do Papai Noel e essa foto é tão importante assim para você, deixe que ele fique em pé ao lado do barbudo e até mesmo se precisar sente o seu filho no seu colo, ao lado do Senhor de Vermelho e click, foto tirada. Foi assim ano passado aqui em casa. Eric não queria de jeito nenhum tirar foto com o Papai Noel e não o obrigamos a sentar no colo de quem ele nunca viu na vida. Aí ficamos do lado do Bom Velhinho, com ele no nosso colo e a foto foi feita. Pronto, resolvido!

Não pense que o seu filho vai ficar mimado por causa disso. Tudo vai depender da forma com que você o guia. As crianças entendem muito do que falamos e tenho certeza que acabaria refletindo sobre essa questão. É claro que não vai ser apenas uma única conversa que vai fazer com que ele entenda, mas várias conversas. Além de que com conversa ensinamos aos nossos filhos o grande abismo entre dar carinho para alguém que amamos e dar carinho para um estranho e acredite que ele vai entender a diferença uma hora ou outra. Assim como, seguindo o mesmo pensamento, podemos ensinar que o “não” pode ser um não gentil. Ou vai me dizer que você diz sim para tudo e todos? Recusar de forma gentil é uma arte que o seu filho pode dominar com o tempo. Dizer não e virar a cara pode ser mal visto mas dizer algo do tipo “Acabamos de nos conhecer, então, por hora vou recusar o beijo. Por favor não fique chateado!” soa até bonito e educado, não é mesmo?

Vou contar uma história pessoal e como conseguimos resolver: Aqui em casa aconteceu do Eric, com 2 anos e 3 meses, começar a rejeitar o pai. Não queria beijo, não queria abraços, não queria nada com ele. Enquanto o Papai Tagarela estava super magoado, eu tentei me colocar no lugar do Eric, já que ele ainda não fala direito e não sabe se expressar muito bem com as palavras. Concluímos juntos, devidos aos últimos acontecimentos, que ele poderia estar culpando o pai pela chegada da irmã, pois o pai estava sempre falando com ele sobre o assunto e mostrando em desenhos, que a irmã, por ser pequena, teria que precisar ficar o tempo todo com a mamãe. A nossa estratégia foi: Papai Tagarela não iria mudar a atitude dele com o filho, iria continuar tratando bem e sendo carinhoso e enquanto isso eu conversei muito com ele. Foram dois dias de conversa intensa. Eu disse para ele que ele magoou o papai, que fez dodói no coração, que ele tem que tratar o pai dele com carinho e dar muitos abraços e beijinhos, que o papai o amava muito e que isso não ia mudar. Dois dias depois ele estava grudado no pai e super carinhoso, mais do que nunca. 2 anos e 3 meses e entendeu as nossas conversas!

Para finalizar os meus pensamentos, eu acho que se algumas crianças pudessem fazer um pedido eu acredito que esse pedido seria “Mamãe e papai, por favor, respeitem o meu corpo!”. As vezes não pensamos pelo lado dos pequenos, não é mesmo?

Ensine ao seu filho que o corpo é dele e de mais ninguém, ensine-o a dar limites para quem ele não conhece, ensine-o que ele não é obrigado a beijar, abraçar e muito menos sentar no colo de um estranho. Não, gente, não é feio uma criança que não “toca” um adulto e a criança não vai se tornar um anti social por causa disso. A criança pode ser educada, cumprimentar, dar bom dia, agradecer, dizer “de nada”, se despedir com palavras na hora de ir embora, mas ela não precisa usar o corpo dela para isso. Palavras também amaciam a alma.

É sim uma questão muito delicada para se falar, mas acredito que nós precisávamos falar sobre isso, não é? E também estou aberta a ouvir argumentos de quem concorda e de quem discorda, afinal, aprendemos sempre quando abrimos a nossa visão e tentamos ver o outro lado da coisa.

Bjs, Thata

One thought on “Mamãe e Papai, Por Favor, Respeitem o Meu Corpo!

  1. Ótimo texto! Minha filha não tem foto com Papai Noel. Ela nunca quis e eu respeitei. Teve uma fase que ao se despedir, dava tchau de longe e ia embora. Nunca obriguei ela a abraçar e por isso era chamada de bichinho do mato. Rsrs. Hoje ela abraça quem ela quer e é super sociável. Respeitei desde pequenina e deu certo.
    Bjs!

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