Parque inclusivo: diversão garantida!

Diversão inclusiva, isso mesmo! Encontrar um parque inclusivo para levar seu filho autista é maravilhoso.

Hoje trouxemos a colaboração de nossa querida seguidora Brenda e ela nos conta como foi sua experiência inclusiva no Parque da Mônica com sua filha Carolina.

Parque da Mônica: Diversão inclusiva garantida.
Carolina se divertindo com a Magali e a Mônica.

Confesso que já faz tempo que eu sinto que o “selo” marca inclusiva tem sido alvo de muitos perfis e por isso muitas empresas dizem que adotam práticas acessíveis, mas é algo totalmente de fachada, uma falsa propaganda para parecer ser uma empresa legal e conquistar mais seguidores e clientes.

Há uns meses vi o Parque da Mônica divulgando a Hora do Silêncio: na primeira hora de funcionamento, os estímulos do parque seriam reduzidos para que autistas se sentissem mais confortáveis lá. Logo de cara, me questionei, né… será que é mais uma forma deles se promoverem ou a inclusão é algo real no parque?

Um bom sinal para essa minha pergunta foi encontrar um destaque chamado “Inclusão” no instagram do parque que indicava todas as práticas adotadas para que esse passeio realmente fosse acessível. Achei o máximo terem pensado até no empréstimo de abafadores para crianças com sensibilidade auditiva.

Acontece que no último mês viajei para São Paulo com minha filha autista de 4 anos, Carolina, e essa seria a chance que teríamos para ver na prática a inclusão do Parque da Mônica. A expectativa dela para essa visita estava altíssima e vocês sabem que no autismo isso resulta em muita ansiedade e, consequentemente, temor para os pais. Se uma coisinha pequena saísse da linha, a frustração seria imensa e ela poderia se sentir muito desorganizada diante disso.

Já na compra do ingresso, existiam opções muito claras para a compra de ingresso de PCD e de acompanhante, ponto para eles! De maneira geral, sinto que as empresas tentam esconder esse “benefício” (é um direito garantido por lei) nas entrelinhas dos ingressos com desconto, dando uma dificuldade a mais já na hora da compra.

A compra foi feita com tranquilidade no site e eles apenas informavam que deveríamos levar comprovante e comparecer a uma espécie de “SAC” quando chegarmos ao parque. O ingresso da minha filha foi gratuito e um acompanhante teve desconto (o valor foi de R$80, enquanto o valor cheio é de R$99).

O “SAC” deles se chama SAV, que é o Serviço de Atendimento ao Visitante. Chegamos ao parque logo nos primeiros minutos de abertura e não enfrentamos filas nem para entrar nem no SAV. O atendente, muito gentil, pediu a comprovação para o ingresso e apresentamos sua carteira de autista emitida no estado do Pará.

Ele preencheu uma ficha que dita as possíveis restrições para cada brinquedo e essa ficha deveria ser apresentada na entrada de cada um deles. Para minha filha que é autista, não existia nenhuma restrição. Ele informou que não precisaríamos enfrentar filas, que bastava entrar pela saída dos brinquedos ou procurar a entrada de prioridades, que sempre estava bem indicada em todos os brinquedos.

Ganhamos um colar de girassol 🌻 que a acompanhou por todo o dia para indicar aos funcionários que ela é uma criança que precisa de atendimento prioritário e assim sermos direcionados de maneira mais rápida nas situações necessárias.

No SAV existia uma placa Selo da Empresa Amiga do Autista, importante reconhecimento por ter funcionários capacitados para atender esse público e também observei que diversos funcionários usavam uma bottom com esse mesmo selo.

Além disso, existia um espaço chamado “Sala do silêncio”, com o símbolo do laço indicando ser um espaço para autistas. De acordo com uma matéria que achei sobre essa sala, “a Sala do Silêncio, é um ambiente totalmente adaptado para reduzir efeitos de uma super estimulação sensorial, onde pessoas com TEA podem se ‘reorganizar’.

O objetivo é ajudar os familiares a aproveitarem melhor os passeios evitando crises e estresse. O espaço foi preparado exclusivamente para autistas com uma estrutura silenciosa e clean, justamente, para as crianças se organizarem, descansarem e voltarem a brincar”.

Sala do silêncio, ambiente adaptado para autistas.
Sala do silêncio, ambiente adaptado para autistas.

Nos primeiros 5 minutos dentro do parque, eu já tive a certeza que aquele lugar era adaptado para realmente receber minha filha autista, sabia que teríamos um dia incrível e a diversão inclusiva iria acontecer.

Apesar de ser uma quarta-feira comum, o parque estava lotado de excursões de escolas e todas as atrações estavam com uma fila de espera considerável. Mas, conforme nos explicaram, realmente não precisamos enfrentar uma fila sequer. Prontamente entrávamos em cada brinquedo escolhido e a diversão em paz para todos era garantida.

O Parque da Mônica fica no interior de um shopping e existe a possibilidade de sair do parque para transitar no shopping e depois retornar durante o dia. Imaginei que essa seria a melhor opção para almoçarmos já que o parque conta apenas com um McDonalds e pequenas lojinhas de lanches, o que tornavam as filas quilométricas na hora do almoço.

No entanto, minha filha não queria sair do parque de forma alguma, por receio de não retornar, por mais que explicássemos que não corríamos esse risco. Nos dirigimos ao McDonald ‘s e lá foi o primeiro momento que não vi indicação de prioridade, mas resolvi perguntar a um funcionário e imediatamente me conduziu a um caixa para esse atendimento imediato.

Realizamos o pedido de forma bastante rápida, mas infelizmente existia uma grande desorganização na bancada e todos os pedidos estavam se perdendo e os funcionários se mostravam totalmente desorientados diante do caos. Ficamos bastante tempo aguardando nosso pedido e ali foi o único momento que minha filha começou a apresentar irritação.

O gerente assumiu nosso pedido e em mais alguns minutos, estávamos comendo. Apesar desse fato, não houve consequência para nosso dia e Carolina seguiu se divertindo muito no parque pelo restante da tarde.

Encontrei diversas crianças usando o cordão de girassol lá e meu coração ficou quentinho de ver que todas estavam se divertindo e se sentindo bem. Que todas as crianças estavam tendo o mesmo direito ali, em pé de igualdade.

Lembrei do tema do 2 de abril deste ano, “Lugar de autista é em todo lugar” e senti que existem empresas comprometidas a tornar isso uma realidade. Vi na internet uma declaração de Maurício de Souza sobre a inclusão no Parque da Mônica e vou fechar esse relato com ela:

“Na minha infância, brinquei muito com crianças com e sem deficiência e trouxe essas experiências para criar os personagens com deficiência da Turma da Mônica. Neste ano, participamos da campanha ‘Lugar de autista é em todo lugar’, inclusive nesse parque, para se divertir. Todos nós ganhamos com inclusão e diversidade em todo lugar”, declarou.

Relato da querida seguidora, Brenda Moraes, mãe da Carolina. Quer participar da coluna colaborativa também? Envie um e-mail para contato@familiatagarela.com.br e escreva sua história, relate uma dificuldade, compartilhe uma experiência incrível que viveram. Queremos conhecer as mães atípicas que habitam esse pequeno universo aqui.

Leia também o artigo Cinema e autismo: dicas para crianças autistas, relato de uma seguidora recheado de dicas para você.

Até mais, beijo!

Thata.

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